Alterações em guarda-corpos de prédios residenciais e suas implicações estruturais e de manutenibilidade

Por: Pedro Gois – Gestor de Desempenho
Débora Muniz – Diretora Técnica do Facilitat

É natural aos moradores de apartamentos desejar uma varanda ampla, um ambiente aberto e ventilado, ótimo para descansar e receber amigos. Contudo, também é muito comum que eles desejam realizar uma reforma de integração da sala de estar com a varanda, transformando tudo num cômodo único, amplo e fechado, com a possibilidade de climatização. Viemos chamar atenção nesse artigo para elementos que são impactados e precisam ser observados com muita responsabilidade na integração da varanda à sala: os guarda-corpos. 

Os guarda-corpos precisam atender aos requisitos de segurança da norma ABNT NBR 14718, comprovados através de ensaios específicos. Entretanto, numa integração da varanda com a sala, de forma geral, o guarda-corpo é transformado numa esquadria de piso a teto, ou seja, uma espécie de cortina de vidro. O ponto é que essa “cortina de vidro” deve ser dimensionada para atender solicitações adicionais à de guarda-corpos, como estanqueidade à água e resistência a cargas de vento e, portanto, deve atender aos requisitos da norma de esquadrias, ABNT NBR 10821. E isto pode não ter sido previsto e/ou pensado durante a reforma, onde um novo elemento gera um carregamento adicional que pode causar deformações excessivas e possíveis fissuras na estrutura.

A transformação do guarda-corpo numa esquadria de piso a teto também traz implicações do ponto de vista da manutenção preventiva. Na situação em que se mantém o guarda-corpo original instalado pela construtora na varanda, o proprietário deve seguir as recomendações estabelecidas no Manual de Uso, Operação e Manutenção entregue pela construtora, assim como as instruções dos fornecedores. Usualmente são recomendadas manutenções semestrais para realização de limpeza e verificação do estado de conservação do guarda-corpo que possibilite a identificação e o tratamento de pontos de ferrugem. 

Por isso, no momento que se modifica a configuração original do guarda-corpo, é preciso considerar a incorporação de novos elementos na manutenção preventiva, verificar se existe impacto nas condições de manutenibilidade e se é necessário alterar a periodicidade da manutenção em prol da segurança.

Além destes aspectos técnicos e de segurança, é importante observar as consequências no que diz respeito às garantias prediais, visto que, em geral, os Manuais estabelecem que qualquer tipo de mudança nos guarda-corpos podem implicar na perda da garantia fornecida pela construtora.

Reunindo todas essas questões, e a recorrência de reformas que preveem a integração da varanda à sala, é uma boa prática que que as construtoras, em conjunto com os projetistas e fornecedores dos guarda-corpos, prevejam esse tipo de alteração e especifiquem no manual de uso e operação e manutenção da edificação a forma adequada e segura de fazê-la. Essa instrução técnica certamente ajuda a evitar patologias e até acidentes que podem gerar prejuízos ao usuário e acionamentos pós-obra da construtora.